ÁGUA
ÁGUA
Água perene
por entre as dunas
ou deslizando
como paráfrase de sonho
nas harmonias de cadências extremas
Eu tive a água na palma da mão
e deixei-a partir
rumo ao deserto
onde não resistiu às agruras do vento
e se plasmou em trajectos
de sombras ocultas
pelas redes invisíveis
de tantas pisadas
E eram sombras errantes
todas elas errantes
pois nada sabiam
dos caminhos traçados
e nem elas os traçam
porque não podem
E a água entrou
de mansinho
nas crateras feitas
de suaves montículos
e tudo era paz
na urdidura da sombra
Água
que pode a água fazer ao deserto
a não ser crescer em diamante puro
e levantar ao céu
o brilho do seu estro
em vento esculpido e tecido em luz
Água
vida
e encanto
eu soube sempre que a água vinha
aligeirar a treva
e devolver a vida
ao sonho queimado
em noite de gelo
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